Como formar estes jovens líderes?
Para formá-los o grupo precisa ser um espaço de crescimento na fé e no compromisso dos jovens. Ou seja, um espaço em que os jovens cresçam e assumam uma militância em favor da causa de Cristo.
Tornar-se um militante não é coisa que acontece de uma hora para outra. É todo um processo que leva vários anos. O grupo deve ser o espaço em que o jovem é despertado a assumir a militância que depois frutificará sob a forma de um engajamento na transformação social, dentro ou fora da PJ.
O coordenador do grupo é peça chave nesse processo. Deve ser um jovem militante que tenha claro os objetivos da GRUPO e como alcançá-los. Assim como, compreender cada etapa de crescimento do grupo e dos jovens e saber despertar cada jovem segundo o potencial que ele tem a oferecer pela causa do Reino. Por exemplo, nem todos os jovens, para se tornarem lideranças, deverão necessariamente tornar-se coordenadores. Uns podem contribuir melhor pela sua capacidade de atrair os jovens através da música, outros com teatro; outros podem ajudar pela sua capacidade de organização e responsabilidade; uns pela capacidade de ouvir e perceber os problemas dos outros. Enfim, são vários os dons e o coordenador deve saber colocar cada um para que opere como uma grande orquestra, em que cada instrumento, tocando de forma coordenada, produz uma linda sinfonia.
Todos, entretanto, devem crescer em sua fé e compromisso. Um jovem que passa vários anos em um grupo sem avançar um centímetro, simplesmente perdeu seu tempo. Se se tratar de um grupo, muito pior! Existem grupos que nascem e morrem sem que tenham formado um militante sequer e isso é uma pena. Essas coisas ocorrem, muitas vezes, por falta de um coordenador preparado ou porque o grupo faz uma caminhada descolada da PJ de conjunto. O processo de crescimento dos jovens se realiza por etapas. Estas não devem ser entendidas como momentos estanques ou como um processo evolutivo em que uma necessariamente se segue a outra. Várias etapas podem ocorrer ao mesmo tempo, ou em uma outra ordem que a sugerida aqui. Nós só adotamos esta forma de exposição, por motivos didáticos:
1. Etapa de socialização: é o primeiro contato com o grupo em que o mais importante é fortalecer a coesão grupal e a amizade entre os membros. Nesta etapa o coordenador busca melhorar o entrosamento entre os jovens através de muitas dinâmicas, brincadeiras, dias de lazer, etc. É a chamada “fase cor-de-rosa” em que tudo no grupo é novidade e descoberta e o jovem se sente acolhido pelo grupo. Aos poucos são introduzidos elementos da metodologia da PJ como a discussão em grupo e o método VER-JULGAR-AGIR . Os temas giram em torno do cotidiano do jovem e de questões mais pessoais como namoro, família, amizade, sexo, drogas, etc. As atividades do grupo têm um caráter mais assistencialista como a visita à creches, asilos, campanhas para arrecadar alimentos, etc. É importante que o coordenador leve os jovens a irem questionando as causas dessas situações e a perceberem as dimensões sociais dos problemas.
2. Etapa de aprofundamento: o jovem vai descobrindo qual é o projeto que Deus reservou para ele através de um maior aprofundamento da Bíblia e do conhecimento do projeto de Cristo. Cada vez mais o coordenador vai introduzindo uma reflexão bíblica à luz da realidade. Busca-se reforçar os momentos de espiritualidade, promover alguns retiros de oração ou de estudo bíblico, por exemplo. É importante que se use cantos ligados à realidade do povo e que ajudem na compreensão mais exata sobre a realidade do povo de Deus. Os jovens devem conhecer a pessoa de Jesus e o seu projeto não só através da reflexão mas também através do testemunho pessoal do coordenador e de outros membros da comunidade. Aos poucos eles vão abandonando uma fé de simples devoção, de herança familiar e assumindo uma fé mais comprometida.
3. Etapa de comunhão: em que os jovens vão descobrindo-se parte da igreja local, paróquia ou comunidade e que o grupo tem um papel a desempenhar na Igreja de conjunto. Os jovens vão assumindo algumas tarefas na comunidade: liturgia, festas, catequese, etc. É importante que os jovens percebam também a especificidade do grupo e não acabem sendo “engolidos” pelas tarefas que assumem. Ou seja, que se transforme em um grupo cuja única função é animar as celebrações, por exemplo. Como existe falta de pessoas que se dediquem às atividades da comunidade, logo os jovens acabam assumindo uma série de tarefas, acabam virando “pau-pra-toda-obra”. Isto pode significar a morte do grupo ou de seu processo de crescimento, o que dá na mesma. O coordenador deve perceber a importância da vida comunitária, mas que a missão dos jovens transcende os muros da igreja; ela está voltada para transformação do mundo. Só estando no mundo é possível realizar essa missão e não acomodado ao conforto da sacristia.
4. Etapa de descoberta: o jovem vai avançando em sua consciência através da discussão de temas e de ações que envolvem o meio social em que ele vive. Nesta etapa o grupo passa a refletir mais sobre temas como o desemprego, a fome, a política, etc., e a assumir atividades que têm em vista a mudança social. Essas atividades podem ser o engajamento em campanhas políticas por candidatos que buscam mudar a situação do país em favor dos trabalhadores e dos excluídos; campanhas pela melhoria do ensino da escola do bairro; realização de jornais ou de programas de rádio para conscientizar a população, etc. Em geral, o grupo passa a viver uma crise em conseqüência dos compromissos que assume. Passa a enfrentar a oposição de alguns membros da igreja, comprometidos com projetos conservadores e até mesmo de alguns padres. Os jovens que só querem saber de diversão, ao perceberem as mudanças no grupo, acabam se afastando ou criticam o coordenador. Muitos definem determinadas atividades no grupo, “mas na hora, só uma meia dúzia assume... Tudo isso caracteriza um momento de crise no grupo. A crise pode ser positiva na medida que indica uma transformação que está acontecendo no grupo. É hora de separar o “o joio do trigo”, aqueles que realmente estão comprometidos com o projeto de Jesus ficam, outros saem. Mas isso não significa necessariamente um perda, significa que aqueles que saíram foram até o limite do que podiam oferecer. Levarão sempre consigo as coisas que aprenderam no grupo e é até possível que voltem depois de um tempo. Os que ficam, aprenderão que estar no caminho do Reino exige renúncias e muita disposição para lutar. Na medida, porém, que começam a recolher os frutos de suas ações sentem-se recompensados e novamente cheios de esperança.
5. Etapa de militância: nessa fase o grupo pode assumir vários projetos de transformação da sociedade – individual ou coletivamente. Pode-se optar, por exemplo, pela formação de novos grupos, além de dar continuidade às ações que já vinham desenvolvendo. Cada grupo decidirá o que fazer de acordo com as exigências de sua realidade. Aqui abre-se um vasto caminho de engajamento dentro ou fora da Igreja. A PJ está fervilhando de novas experiências, de novos caminhos que os jovens estão buscando de compromisso com a transformação social. O grupo se transforma numa sementeira de novos grupos, pronto para crescer e frutificar. Os jovens devem procurar manter o vínculo, a criar um grupo de militantes para que possam continuar celebrando juntos e aprofundando na fé. Nessa fase, o acompanhamento de um assessor é fundamental.
Para refletir:
1 Nosso grupo tem um coordenador?
2.O coordenador tem clareza sobre o objetivo do grupo e sobre o objetivo da PJ?
3.Na sua opinião, em que etapa ou etapas você classificaria o momento atual do seu grupo?4. Quais as maiores dificuldades que o grupo enfrenta para poder avançar